Terremoto revela cabeça gigante de serpente asteca sob universidade na Cidade do México

06/11/2023

Pesquisadores estão conservando uma rara cabeça de serpente dos astecas que ainda mantém suas cores pintadas de centenas de anos atrás.

Um terremoto no ano passado revelou uma grande surpresa sob uma faculdade de direito na atual Cidade do México: uma cabeça gigante e colorida de serpente do Império Asteca.

A cabeça da serpente remonta a mais de 500 anos, quando os astecas controlavam a área, que na época era parte da próspera capital de Tenochtitlán. A escultura foi descoberta após um terremoto atingir a Cidade do México em 19 de setembro de 2022. O evento sísmico causou danos e mudanças na topografia, revelando a cabeça de serpente sob um prédio que fazia parte de uma faculdade de direito da Universidade Nacional Autônoma do México, conforme declarou o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México em um comunicado em espanhol.

Os astecas construíram templos e pirâmides e adoravam várias divindades, incluindo Quetzalcoatl, frequentemente representado como uma serpente. No entanto, não está claro se esta escultura o retrata, disseram os arqueólogos.

A serpente esculpida mede 1,8 metros de comprimento, 0,85 metros de largura e 1 metro de altura, pesando cerca de 1,2 toneladas, informou o INAH. Várias cores — incluindo vermelho, azul, preto e branco — estão preservadas na escultura.

Cerca de 80% da superfície da escultura manteve sua cor. Para conservá-la, uma equipe do INAH retirou a cabeça de serpente do solo com um guindaste e construiu uma câmara de umidade ao redor da escultura. Esta câmara permite que a escultura perca umidade gradualmente, preservando sua cor, disse María Barajas Rocha, conservacionista do INAH que trabalhou extensivamente na escultura.

Embora outras cabeças de serpente tenham sido encontradas em Tenochtitlán, esta é particularmente importante por suas cores preservadas, disse Erika Robles Cortés, arqueóloga do INAH.

"Devido ao contexto em que esta peça foi descoberta e, acima de tudo, graças à excelente intervenção dos restauradores liderados por Maria Barajas, foi possível estabilizar as cores para sua preservação em quase toda a escultura. Isso é extremamente importante, pois as cores nos ajudaram a conceber a arte pré-hispânica de outra perspectiva", disse Robles Cortés.

O tamanho impressionante da escultura, bem como sua arte, chamam a atenção, mas a preservação das cores é notável, disse Frances Berdan, professora emérita de antropologia na Universidade Estadual da Califórnia, San Bernardino.

Além de suas cores preservadas, o tamanho da cabeça da serpente é notável, disse Bertrand Lobjois, professor associado de humanidades na Universidade de Monterrey, no México.

Lobjois também elogiou o trabalho de conservação que permitiu a sobrevivência das cores, observando que "o processo de conservação nos permite apreciar a abordagem naturalista da figuração" usada pelos artistas astecas.

O trabalho continua e seguirá no local até o próximo ano.

Fonte: Livescience