O Labirinto de Teotihuacan: Extensos túneis e rios de Mercúrio

Poucos dos visitantes atuais de Teotihuacan estão cientes do vasto e misterioso submundo de cavernas e túneis artificiais que se estendem sob grande parte do local antigo e por quilômetros ao redor.
A existência destes túneis é conhecida há séculos, mas nem mesmo as pesquisas mais recentes conseguiram desvendar o mistério da sua origem e finalidade. Muito parecido com Gizé, no Egito, há rumores de que esses túneis conectam todas as principais pirâmides por meio de passagens subterrâneas e talvez até levem aos registros de uma civilização perdida.
O explorador e antropólogo francês Desiré Charnay foi um dos primeiros europeus a entrar neste labirinto de túneis nos tempos modernos e a deixar um relato detalhado dele. Em seu livro de 1880 "Les anciennes villes du Nouveau Monde", Charnay relata ter sido conduzido por seu guia a algumas pedreiras cavernosas, duas milhas e meia (1,6 quilômetros) a oeste da Pirâmide da Lua.
Lá ele mostrou as entradas para várias galerias, ramificando-se em diferentes direções em ângulos regulares. Estes levavam a diferentes câmaras, que ele descreveu como "grandes salões", uma em particular "em forma de rotunda" e cheia de restos humanos.
Charnay não tinha dúvidas de que esses túneis haviam sido escavados nos tempos antigos e especulou que poderiam ter servido como pedreiras para construir as muitas estruturas acima do solo em Teotihuacan, e só mais tarde foram transformadas em catacumbas.

Charnay seguiu outro túnel por uma distância de quase um quilômetro (0,62 milhas), sem se aproximar de seu fim. O túnel nunca se desviou de seu curso e parecia apontar na direção da Pirâmide do Sol.
Uma lenda local coletada por Peter Tompkins em seus "Mistérios das Pirâmides Mexicanas", diz que uma dessas cavernas corre em linha reta até Amecameca, cerca de 65 km (40 milhas) a sudeste.
Milhões de toneladas de rochas vulcânicas foram extraídas desses túneis, embora não esteja claro por que os antigos teotihuacanos não teriam escolhido os depósitos muito mais acessíveis acima do solo. Em vez disso, eles escolheram cavar um labirinto de túneis na escuridão quase completa, sob constante ameaça de desmoronamentos e inundações.

Ao longo dos anos 1990 e início dos anos 2000, a arqueóloga Linda Manzanilla, da Universidade Autônoma do México, conduziu um exame abrangente das cavernas e túneis sob Teotihuacan. Ela chegou à conclusão que os túneis acessíveis hoje eram realmente feitos pelo homem. Ela sugeriu que eles provavelmente se originaram como pedreiras, mas depois foram usados para uma série de propósitos funerários e ritualísticos.
Rios de Mercúrio
Para os habitantes de Teotihuacan, a rede labiríntica de cavernas e túneis sob a cidade representava a entrada para o submundo.
Em 2003, a entrada de um túnel até então desconhecido foi descoberta sob a pirâmide de Quetzalcoatl. O túnel tinha cerca de 100 metros (328 pés) e foi intencionalmente selado com grandes pedras na antiguidade.

Desde então, o arqueólogo Sergio Gomez descreveu o túnel como "uma das descobertas mais importantes da história do México". O túnel, com exploração contínua, já revelou mais de 50.000 artefatos. Particularmente intrigante foi a descoberta em 2013 de centenas de esferas metálicas, variando de 4 a 12 cm (1,57 a 4,7 polegadas) de diâmetro. As esferas parecem ter sido cobertas por pirita com um núcleo de argila e outros compostos não identificados até o momento.
No final do túnel encontra-se o que provavelmente é um sistema de três câmaras, ainda aguardando exploração. Em uma das câmaras, grandes quantidades de mercúrio líquido foram detectadas. Gomez especula que essas verdadeiras "piscinas" de mercúrio líquido poderiam ter simbolizado um rio ou lago do submundo.
Fonte: Ancient Origins