Arqueólogos afirmam ter encontrado uma cidade maia submersa no lago Atitlán, dentro da cratera de um vulcão na Guatemala.

18/05/2023

Aproximadamente 2.400 anos atrás, uma comunidade maia se estabeleceu na cratera de um vulcão guatemalteco. Anos mais tarde, eles chamariam aquele espaço de Atlitlán: o 'lugar da água', de acordo com sua tradução em nahuatl. Naquela época, o espaço era adequado para eles porque era praticamente desabitado. Com corpos d'água próximos, que os serviam para a agricultura e para o consumo diário, parecia o lugar ideal para fundar uma cidade maia cheia de abundância — até ficar completamente submersa pelas águas.

Hoje, o Lago Atlitán ainda está cheio de vida. Animais de água doce e outros assentamentos começaram a se estabelecer ao redor da antiga cratera do vulcão, onde os maias se estabeleceram.

Hoje, o Lago Atlitlán é o maior de toda a Guatemala. Seu ponto mais baixo é de 340 metros de profundidade, tornando-o o mais profundo da América Central. Com essas características, não seria impossível que toda uma cidade maia tivesse submergido sob a pressão da água proveniente dos vulcões circundantes.

Para investigar o local, o Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH) colaborou com arqueólogos de 5 países diferentes, bem como com o Ministério da Cultura da Guatemala. Depois de mais de duas décadas de pesquisa, explica a instituição em seu boletim oficial, encontraram vestígios de assentamentos maias do período pré-clássico tardio, há aproximadamente 2.400 anos:

"[...] NO MEIO DO LAGO ATITLÁN ESTABELECEU-SE UM COMPLEXO MAIA, QUE LEVANTOU TEMPLOS, PRAÇAS, CASAS E ESTELAS ATÉ QUE, DE REPENTE, AS MESMAS ÁGUAS QUE LHE DAVAM SUSTENTABILIDADE COMEÇARAM A AFUNDÁ-LO", INFORMA INAH.

Para evitar danos à biosfera, a equipe internacional de arqueólogos decidiu usar uma tecnologia não invasiva com o meio ambiente. Conhecido como Missão do Conselho Consultivo Científico e Técnico (STAB), eles fazem parte da Convenção da UNESCO de 2001 sobre a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático.

No âmbito deste projeto de pesquisa, pensou-se em criar um modelo virtual para que as pessoas pudessem visitar o local sem ter que mergulhar no Lago Atlitlán. Desta forma, explica o INAH, procura-se "promover a sua conservação e o respeito pela sacralidade que tem para as comunidades indígenas da região".

Antes de realizar o modelo de passeio virtual, os arqueólogos fizeram dias de mergulho para investigar o espaço em primeira mão.

Membros da comunidade de Santiago Atitlán colaboraram no trabalho diário da missão. Da mesma forma, a equipe internacional de investigação se reuniu periodicamente com o líder comunitário, Nicolás Zapalú Toj, que tem o título de 'Señor Cabecera', para informá-lo sobre as atividades que seriam realizadas no espaço sagrado.

Após vários anos de estudos, os pesquisadores encontraram estelas nunca antes registradas e edifícios inteiros, que estão preservados nas profundezas do lago. No total, dizem os especialistas, o local mede entre 200 e 300 metros de superfície. Por esta razão, foi chamada de 'Atlântida da América Central'.

Fonte: Discovery