Os primeiros humanos cruzaram com ‘população fantasma’

07/03/2024

Cientistas encontraram evidências de uma misteriosa "população fantasma" de humanos antigos que viveram na África há cerca de meio milhão de anos e cujos genes vivem nas pessoas hoje.

Pesquisadores identificaram evidências surpreendentes de uma antiga "população fantasma" - um grupo de humanos que habitou a África há cerca de 500.000 anos. Os vestígios genéticos desses humanos ancestrais ainda persistem nas pessoas modernas, marcando uma presença silenciosa em nosso DNA atual.

Através de estudos genéticos detalhados em populações da África Ocidental, cientistas descobriram que uma parte significativa do DNA dessas populações origina-se de antepassados desconhecidos, sugerindo que houve cruzamentos entre nossos antepassados e esses humanos arcaicos, assim como os europeus antigos se cruzaram com neandertais.

Liderada por Sriram Sankararaman, biólogo computacional da Universidade da Califórnia em Los Angeles, a equipe de pesquisa descobriu que todos os indivíduos da África Ocidental estudados compartilham uma herança genética desse grupo desconhecido. Essa descoberta destaca a diversidade e complexidade da história humana, mostrando que, no passado, várias espécies ou subespécies humanas coexistiram e interagiram entre si.

Ao analisar 405 genomas de quatro populações da África Ocidental, os pesquisadores usaram técnicas estatísticas avançadas para traçar a origem desses genes antigos, encontrando evidências de cruzamentos antigos. Isso não apenas enriquece nosso entendimento sobre a história humana, mas também levanta questões intrigantes sobre como esses genes antigos podem influenciar características modernas.

As conclusões, embora preliminares, sugerem que essa "população fantasma" divergiu de outros grupos humanos conhecidos entre 360.000 e 1 milhão de anos atrás, misturando-se com os ancestrais dos africanos ocidentais em algum momento nos últimos 124.000 anos. As implicações dessas descobertas são vastas, abrindo novos caminhos para pesquisas futuras sobre nossos antepassados e a complexa teia de herança genética que compartilhamos.

Os cientistas estão agora focados em explorar o papel desses genes antigos, investigando como eles podem ter contribuído para a sobrevivência e evolução das populações africanas ocidentais. Este estudo, publicado na revista Science Advances, é um lembrete fascinante de que muito ainda resta a descobrir sobre nossa história ancestral, exigindo mais pesquisas, tanto genéticas quanto arqueológicas, para desvendar completamente os mistérios de nosso passado.

John Hawks, antropólogo da Universidade de Wisconsin-Madison, que não participou do estudo, enfatiza a importância dessas novas metodologias para entender melhor a história das populações antigas. Ele ressalta que ainda temos muito a aprender sobre nossos ancestrais, e descobertas futuras dependerão de esforços contínuos em campo e análises arqueológicas.

Este estudo representa um passo importante em nossa busca por compreender a complexidade da evolução humana e as muitas histórias não contadas de nossos antepassados.