Descoberta na Antártida: Floresta Fóssil de 280 Milhões de Anos Revela Passado Verdejante do Polo Sul

25/02/2024

Atualmente, a Antártica é conhecida por suas extensas paisagens geladas, dominadas por uma camada densa de gelo. No entanto, descobertas recentes apontam para um passado surpreendentemente diferente: há cerca de 280 milhões de anos, o continente branco abrigava florestas densas e cheias de vida.

Nas explorações do último verão na Antártica, o geólogo Erik Gulbranson, juntamente com sua equipe de cientistas especializados em regiões polares, encontraram fósseis que são testemunhas das florestas polares mais antigas já identificadas no continente, datando de um período anterior à existência dos dinossauros.

Atualmente, eles estão de volta ao continente gelado, em busca de mais evidências que possam revelar como era possível a existência dessas florestas em um ambiente tão inóspito.

Há 280 milhões de anos, a Antártica apresentava um clima significativamente mais quente do que o atual, integrando o supercontinente Gondwana, que reunia as terras que hoje conhecemos como África, América do Sul, Arábia, Índia e Austrália. Gulbranson aponta que, naquela época, a região mais ao sul do continente era coberta por uma vegetação exuberante de samambaias arbóreas, que chegavam a atingir 40 metros de altura. Estas árvores eram capazes de sobreviver a longos períodos de escuridão total, seguidos por igual duração de luz solar contínua, embora a análise dos anéis das árvores indique que enfrentavam frequentes dificuldades de crescimento.

A busca por fósseis na Antártica é uma tarefa desafiadora, realizada em condições extremas nas Montanhas Transantárticas, que dividem o continente entre a Antártica Oriental e Ocidental. A equipe de Gulbranson, composta por cientistas e alpinistas experientes, enfrenta temperaturas abaixo de zero e ventos fortíssimos, sempre atentos para evitar as perigosas fendas no gelo.

Gulbranson, que atua como professor na Universidade de Wisconsin-Milwaukee e tem dedicado sete anos à pesquisa de fósseis antárticos, descreve a experiência de estar na Antártica como algo extremamente desafiador, comparável a estar na lua ou no fundo do mar. Durante uma expedição financiada pela Fundação Nacional de Ciência, entre novembro de 2016 e janeiro de 2017, a equipe descobriu fósseis de 13 árvores e diversos outros vestígios de folhas, um achado que Gulbranson descreve como extraordinário e completamente inesperado.

O transporte dos fósseis até laboratórios em todo o mundo levou cinco meses, onde especialistas trabalham na meticulosa tarefa de montar o quebra-cabeça da história vegetal antiga, estudando desde folhas fossilizadas até anéis de crescimento das árvores.

Um dos principais obstáculos na pesquisa é a datação precisa dos fósseis, estimada inicialmente em 280 milhões de anos, mas que pode variar em até 20 milhões de anos. A equipe de Gulbranson planeja utilizar técnicas avançadas de datação radiométrica para obter estimativas mais exatas, explorando minerais encontrados em camadas de cinza vulcânica que cobriram a floresta, preservando-a de forma excepcional.

Esse estudo não apenas busca mapear a história das florestas polares, mas também compreender as transformações nos ecossistemas polares durante a maior extinção em massa registrada, que eliminou mais de 90% das espécies no final do período Permiano, há 250 milhões de anos.

A pesquisa de Gulbranson tem implicações diretas para a compreensão das mudanças climáticas atuais, sugerindo que o aquecimento global poderia levar ao surgimento de florestas em regiões polares no futuro, como na Sibéria Ártica e no Canadá Ártico. Este estudo lança luz sobre a relação entre a concentração de gases na atmosfera e a saúde dos ecossistemas planetários, oferecendo insights valiosos para enfrentarmos os desafios ambientais contemporâneos.

Fonte: CNN